sexta-feira, 5 de outubro de 2012

INSPEÇÃO E VACINAÇÃO DOS VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA (1866)



AUTOR
JOÃO LUSTOSA DA CUNHA PARANAGUÁ/ MARQUÊS DE PARANAGUÁ
ORIGEM
MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS DA GUERRA
DESTINO
OFÍCIO CIRCULAR
DATA
03 de novembro de 1866
REGIÕES DE INTERESSE
BRASIL; TODAS AS PROVÍNCIAS BRASILEIRAS
TEMA
OBRIGATORIEDADE DE VACINAÇÃO DOS VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA / GUERRA DO PARAGUAI
RESUMO:

              O Ministro da Guerra informa a decisão do Imperador de mandar inspecionar e vacinar todos os soldados Voluntários da Pátria antes de serem enviados para a Corte com o objetivo de seguirem para o Teatro de Guerra.

Assinatura de João Lustosa de Cunha Paranguá.







TRANSCRIÇÃO



Rio de Janeiro Ministério dos Negócios da Guerra, 03 de novembro de 1866.

Ilmo e Exmo Snr
Sua Magestade O Imperador, Manda recommendar a V. Exa a fiel observância dos Avisos Circulares de 19 d’Agosto e 13 de Setembro, tudo do anno próximo passado, determinando este, que os Voluntarios, Guardas Nacionais e recrutas com destino ao Theatro da guerra, sejão escrupulosamente inspecionados antes de seguirem para esta Côrte, e aquelle que naõ embarquem sem que sejaõ vaccinados; assim o declaro a V. Exa sua devida execução.
Deos Garde a VExa
João Lustosa de C. Paranaguá
Sr. Presidente da Peovíncia do Piauhí.




JOÃO LUSTOSA DA CUNHA PARANAGUÁ, 2° MARQUÊS DE PARANAGUÁ
Visconde com grandeza e marquês de Paranaguá. Nasceu na Província do Piauí, a 21 de agosto de 1821, no município de Parnaguá (fazenda "Brejo do Mocambo", na antiga freguesia de Nossa Senhora do Livramento de Parnaguá). Filho do coronel José da Cunha Lustosa II e de dona Ignácia Antônia dos Reis Lustosa, e neto do português José da Cunha Lustosa I e da paulista Helena Camargo de Sousa. Eram seus irmãos o Barão de Paraim (José da Cunha Lustosa) e o Barão de Santa Filomena (José Lustosa da Cunha).
Formou-se pela Faculdade de Direito de Olinda em 1846, casou-se no ano seguinte com Maria Amanda Pinheiro de Vasconcelos, filha do Visconde de Monserrate, com quem teve seis filhos.
Desde cedo ocupa o cargo de juiz, fazendo carreira na magistratura até atingir a posição de conselheiro (atual desembargador), em sua província natal, aposentando-se em 1878 com honras de Desembargador. Foi deputado provincial em 1840, e deputado geral nas 8ª e 13ª legislaturas. Tendo iniciado a vida política nas fileiras do Partido Conservador, tornou-se posteriormente um dos líderes do Partido Liberal.
Exerceu a Presidência das Províncias do Maranhão (1858 - 1859), de Pernambuco(1865 – 1866) e da Bahia (1881 – 1882); foi Ministro da Justiça (10 de agosto de 1859 - 3 de março de 1861, e de 3 de agosto de 1866 - 27 de outubro de 1866), Ministro da Guerra (7 de outubro de 1866 - 16 de julho de 1868), Ministro das Relações Exteriores (9 de dezembro de 1867 - 14 de abril de 1868, e de 6 de maio de 1885 - 20 de agosto de 1885), Ministro da Marinha (9 de dezembro de 1879 - 24 de janeiro de 1880), Ministro da Fazenda (3 de julho de 1882 - 24 de maio de 1883).
No Governo Parlamentar Brasileiro, foi Primeiro-Ministro (3 de julho de 1882 — 24 de maio de 1883)
Como ministro da Fazenda reduziu a emissão de papel-moeda e diminuiu os juros da dívida pública. Quando ocupou a Pasta da Guerra o país estava mergulhado no conflito com o Paraguai.
Além das atividades políticas teve intensa vida cultural, tendo presidido a "Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro" e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, além de ter sido membro efetivo e honorário de entidades similares.
Títulos nobiliárquicos
Foi o segundo visconde (com grandeza, em 1882) e o segundo marquês de Paranaguá. Grande do Império, veador de Sua Majestade a Imperatriz, comendador da Ordem de São Gregório Magno, dentre outras.
Foi agraciado com o título de marquês em 1888. Com a proclamação da República abandonou a atividade política.
Faleceu no Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 1912.


CIRCUNSTÂNCIAS - GUERRA DO PARAGUAI


Guerra do Paraguai foi o último de quatro conflitos armados internacionais, na chamada Questão do Prata, em que o Brasil lutou, no século XIX, pela supremacia sul-americana, tendo o primeiro sido a Guerra da Cisplatina, o segundo a Guerra do Prata, e o terceiro a Guerra do Uruguai. Estendeu-se de dezembro de 1864 a março de 1870, sendo o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul. A guerra foi travada entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra É também chamada Guerra da Tríplice Aliança (Guerra de la Triple Alianza), na Argentina e Uruguai, e de Guerra Grande, no Paraguai.
O conflito iniciou-se com a invasão da província brasileira de Mato Grosso pelo exército do Paraguai, sob ordens do presidente Francisco Solano López. O ataque paraguaio ocorreu após uma intervenção armada do Brasil no Uruguai(Guerra do Uruguai), em 1863, que pôs fim à guerra civil uruguaia ao depor o presidente Atanasio Aguirre, do Partido Blanco, e empossar seu rival colorado, Venancio Flores. As forças paraguaias aprizionaram, em 11 de novembro de 1864, o vapor brasileiro Marquês de Olinda, que transportava o presidente da província de Mato Grosso, o qual suspeitavam que contivesse armas. Seis semanas depois, o Paraguai invadiu o Mato Grosso.
O Brasil, Argentina e Uruguai, aliados, derrotaram o Paraguai após mais de cinco anos de lutas durante os quais o Brasil enviou em torno de 150 mil homens à guerra. Cerca de 50 mil não voltaram. Argentina e Uruguai sofreram perdas proporcionalmente pesadas — mais de 50% de suas tropas faleceram durante a guerra — apesar de, em números absolutos, serem menos significativas. Já as perdas humanas sofridas pelo Paraguai são calculadas em até 300 mil pessoas, entre civis e militares, mortos em decorrência dos combates, das epidemias que se alastraram durante a guerra e da fome.
A derrota marcou uma reviravolta decisiva na história do Paraguai, tornando-o um dos países mais atrasados da América do Sul, devido ao seu decréscimo populacional, ocupação militar por quase dez anos, pagamento de pesada indenização de guerra.

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