segunda-feira, 23 de abril de 2012

REVOLTA NA PROVÍNCIA DO GRÃO-PARÁ (1823)


AUTOR
BRIGADEIRO JOSÉ MARIA DE MOURA
ORIGEM
GOVERNO DAS ARMAS DO PARÁ
DESTINO
PRESIDENTE E CÂMARA DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO
DATA
29 de abril de 1823
REGIÕES DE INTERESSE
BRASIL, PARÁ E MARANHÃO
TEMA
REVOLTA NA PROVÍNCIA DO PARÁ
RESUMO:

              Informa sobre acontecimentos revolucionários na Província do Pará e solicita ao Maranhão, reforço de tropas europeias (já solicitadas pelo Maranhão), até que cheguem as tropas europeias que ora o Pará solicita a Corte de Lisboa.






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TRANSCRIÇÃO

1° página
Illmo.  e Exmo. Señr.

Não serão desconhecidos a V. Exa., ao receber este, os revolucionários acontecimentos dissidentes, que tiveraõ lugar n’esta Capital em a madrugada do dia 14 do corrente: também V. Exa. estará inteirado, que as caballas, e as intrigas do prejuro partido dissidente conseguirão finalmente alliciar huma parte da Tropa desta Guarniçaõ; e fazella apparecer n’aquella fatal madrugada como o principal, e mais poderozo agente de seus perniciozos planos. Felizm.te poude rebater-se o tumulto, e apager-se o incêndio; porem as cinzas ainda fomegaõ, e eu, a Junta Provisoria, e todos os bons, e constitucionais cidadãos d’esta Capital, inclusos os honrados militares, que naõ tiveraõ parte na Conjuração, reconhecem como urgente, a prezença de alguma Tropa Europeia. Eu, a mesma Junta Provisoria, o Corpo do Commercio, e a Camara desta Cidade temos representado a

2° página
Sua Magestade esta necessidade, e sallientando com urgência os meios de a supprir; porem nossas representações naõ chegarão a Lisboa antes do fim de junho, tempo em que poderá ter chegado a essa Provincia o Destacamento, que V. Exa requereu ao Mesmo Augusto Senhor. He de summo interesse para a Naçaõ, que as Constitucionais Provincias do Pará, e Maranhaõ se auxiliem reciprocam.te em suas necessidades Politicas. O Pará está presentem.te em maiores apuros, que o Maranhaõ, e He por este motivo, que em Nome de Sua Magestade requeiro com urgencia a V. Exa., que logo que a essa Capital chegue o Destacamento de Tropa Europea, que V. Exa. requereo, e espera, haja de expedir para aqui igual numero de praças ao que d’aqui mandei por effeito das requisições de V. Exa. , devendo para este fim conservar-se nessa Cidade o Destacam.to d’esta Prov.a athe que chegando aqui a Tropa, que se pedio do Ministerio, eu me ache habilitado p.a despedir

3° página
Para o Maranhaõ a Tropa Europea, que agora requeiro a V. Ex.a, em cuja occasiaõ regressará a esta Provincia o Destacam.to, que d’aqui mandei: o que supplico a V. Ex.a, como huma providencia mui urgente, para se conservar em paz e segurança a Capital do Pará athe, que cheguem de Lisboa os socorros, que acabo de requerer ao Ministerio. Deos Guarde a V. Ex.a Q.el General do Governo das Armas no Pará 29 de Abril de 1823.
Ill.mos e Ex.mos Senr.e Prezidente e Membros da Junta Provizoria do Governo Civil da Prov.a do Maranhaõ.

Joze M.a de Moura

Brigadeiro José Maria de Moura Henriques Sá Couto
José Maria de Moura Henriques Sá Couto, militar português; nasceu em Lisboa, no ano de 1772, numa família abastada. Após concluir os seus estudos, se alistou no Exército Português em 1795. Na carreira militar, alcançou diversos cargos de destaque, como o de comandante do Regimento de Artilharia Nº 3 entre 1811 e 1819, sediado no Alentejo. Adepto da Revolução liberal do Porto, foi nomeado pelas Cortes em 1821, Governador das Armas de Pernambuco, ficando no cargo até dezembro do mesmo ano.
Assumindo o ofício de Governador das Armas da Província do Grão-Pará em 1º de abril de 1822, notabilizou-se por defender ferrenhamente a situação colonial do Brasil. Foi destituído após o reconhecimento da Independência do Brasil no Pará em 15 de agosto de 1823, quando lhe foi permitido, após breve período de prisão, retornar a Portugal.   Veio a falecer no dia 10 de janeiro de 1836 em sua cidade natal, foi casado com Maria do Carmo da Silveira e Araújo.

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